A direita e a esquerda representam espectros políticos distintos, com valores e prioridades diferentes. Em geral, a direita enfatiza o conservadorismo social, a liberdade econômica e a manutenção de tradições, enquanto a esquerda foca em mudanças progressistas, justiça social e maior intervenção estatal. No campo religioso, a direita costuma ter uma proximidade maior com princípios religiosos e valores tradicionais, enquanto a esquerda frequentemente defende o secularismo e a separação entre religião e Estado.
Dentro dessa lógica, há uma percepção de que pessoas descrentes tendem a se inclinar para a esquerda, dada sua defesa da liberdade de pensamento e de políticas sociais que promovem maior diversidade. No entanto, isso não significa que todos os descrentes sejam de esquerda ou que todos os religiosos estejam na direita—cada indivíduo forma suas convicções com base em experiências e reflexões pessoais.
Essa dinâmica também pode ser observada na política internacional e na presença do Islamismo no Brasil, que tem se expandido nos últimos anos. Atualmente, o Islã é a segunda maior religião global, com aproximadamente 1,9 bilhão de seguidores, fundamentado nos ensinamentos do profeta Maomé e no Alcorão. Sua fé se estrutura em cinco pilares fundamentais, incluindo a oração diária e a peregrinação a Meca.
A chegada do Islamismo ao Brasil ocorreu por diferentes vias. Africanos escravizados, vindos de regiões como Nigéria, Mali, Senegal e Guiné, trouxeram sua fé muçulmana, sendo um dos marcos dessa influência a Revolta dos Malês, em 1835, na Bahia. Posteriormente, a imigração árabe, principalmente de Líbano, Síria e Palestina, contribuiu para o fortalecimento da presença islâmica no país, estabelecendo comunidades em cidades como São Paulo e Foz do Iguaçu.
Nos últimos anos, o Islamismo tem crescido no Brasil, impulsionado por uma alta taxa de conversões. Muitos brasileiros, especialmente em áreas periféricas, encontram identificação na religião por seus valores de justiça social e igualdade racial. Esse fenômeno também se relaciona a movimentos culturais, como o hip-hop, que ajudam a difundir a fé islâmica.
Atualmente, existem cerca de 80 centros islâmicos e 50 mesquitas espalhadas pelo país, evidenciando a diversidade e o fortalecimento da comunidade muçulmana no Brasil. Esse crescimento reflete transformações sociais e culturais e, no contexto político, setores da esquerda frequentemente expressam apoio à causa palestina, argumentando em favor dos direitos humanos e contra políticas de ocupação. Esse alinhamento, contudo, não representa uma adesão ao islamismo, mas sim uma posição política baseada na autodeterminação dos povos e na justiça social. Há debates sobre a afinidade entre alguns movimentos de esquerda e grupos islâmicos radicais, principalmente devido a um inimigo comum: o imperialismo. No entanto, essas relações não são homogêneas e variam conforme o contexto político e histórico.
Além do cenário político, a religião tem historicamente desempenhado um papel relevante em conflitos armados ao redor do mundo. Embora raramente seja o único fator, os conflitos frequentemente combinam poder, território, recursos e ideologias com questões religiosas. Ao longo da história, a religião esteve associada a guerras por diferentes razões:
- Diferenças teológicas e disputas de fé: Exemplo das Cruzadas (séculos XI-XIII), em que cristãos europeus lutaram contra muçulmanos pelo controle da Terra Santa.
- Expansão religiosa e conversão forçada: Como o Império Otomano, que espalhou o Islã pela Europa e Ásia, e a Colonização Europeia, que impôs o Cristianismo a povos indígenas.
- Lutas internas dentro da própria religião: Guerras entre católicos e protestantes na Europa (Guerra dos Trinta Anos, século XVII) e entre sunitas e xiitas no mundo islâmico.
- Influência política e manipulação da religião: Líderes que usaram crenças religiosas para justificar guerras que, na prática, tinham motivação política e territorial, como os conflitos do Oriente Médio.
Apesar da religião estar presente em muitos conflitos, o verdadeiro motor das guerras costuma ser a ambição humana, marcada pela disputa por poder e território. Em muitos casos, a religião é utilizada como justificativa para a guerra, mas não necessariamente como sua causa principal.
No entanto, é fundamental entender que nenhuma fé, em sua essência, prega a violência ou a destruição do outro. Não é o islamismo, o cristianismo, o judaísmo ou qualquer religião que causa guerras, mas sim a ambição humana, o desejo de poder e a incapacidade de aceitar diferenças.
Diversos momentos históricos mostram que, independentemente da religião, grupos usaram a fé como justificativa para perseguições e massacres. Cristãos já mataram opositores, muçulmanos já lutaram em nome da fé, e outras tradições também foram envolvidas em disputas sangrentas—mas nenhuma dessas atrocidades reflete a verdadeira vontade de Deus. A fé deveria ser um caminho para a paz, não uma ferramenta de dominação.
Se Deus é amor, por que o mundo insiste em se alimentar do ódio? Por que tantos travam guerras em Seu nome, quando Ele jamais desejou sangue, dor ou separação entre os povos? A fé deveria ser um caminho para a compaixão e a paz, mas ao longo da história, o homem a distorceu, usando-a como justificativa para ambição, dominação e destruição.
O verdadeiro inimigo nunca foi a crença do outro, mas sim a cegueira da arrogância humana—incapaz de aceitar a diversidade e ansiosa por impor uma única verdade. O orgulho transformou a religião em um instrumento de poder, fazendo com que nações e civilizações lutassem não por princípios divinos, mas por território, influência e supremacia.
A maior batalha da humanidade não é pela conquista de territórios ou pela reafirmação de doutrinas, mas pela superação do ego e do orgulho. Enquanto continuarmos a dividir em vez de unir, a disputar em vez de compreender, estaremos distantes da verdadeira essência da fé.
O mundo não precisa provar quem está certo—precisa, sim, aprender a conviver com suas diferenças e encontrar um caminho para a paz. Afinal, estamos servindo a Deus—ou apenas alimentando nossas próprias vaidades?
☆☆☆☆☆☆☆ Autor: Roberto Ikeda ☆☆☆☆☆☆☆
"Este texto tem como objetivo promover uma reflexão crítica sobre sistemas políticos e suas implicações sociais e econômicas, sem direcionar acusações ou julgamentos pessoais. Todas as informações apresentadas são baseadas em dados amplamente divulgados e análises públicas, com o intuito de fomentar o debate democrático e respeitar a pluralidade de opiniões. A liberdade de expressão é um direito fundamental garantido pela Constituição, e este conteúdo busca exercê-lo de forma responsável e construtiva."